Por Paulo Angelim
Existem certas decisões na vida que não adianta você pensar sobre suas conseqüências. Ou você se permite vivê-las e senti-las, ou jamais poderá compreendê-las. Normalmente, tais decisões são existenciais, e dizem respeito à sua vida profissional, espiritual, afetiva, ou familiar. Não estou falando de pequenas e simplórias decisões, como que roupa comprar, ou filme assistir. Estou falando das que implicam em mudanças significativas de vida ou na vida, como: aceito o emprego?; peço demissão?; faço uma nova faculdade?; largo a faculdade atual?; começo o namoro?; acabo o namoro?; permaneço na cidade?; aceito a promoção e parto para outra cidade?, e por aí vai.
Não são poucas as vezes que vamos empurrando dilemas pessoais com a barriga na esperança de resolvê-los na mente, somente pensado, elucubrando. Ilusão! Se você não os viver, irá eternamente ser atormentado pela terrível pergunta: e se eu tivesse feito isso? Por muito tempo não quis crer nessa verdade, mas é certo que estamos muito mais propensos a nos arrependermos do que não fizemos do que das decisões que tomamos. É certo que nem toda decisão será acertada. Mas pior decisão será não tomar qualquer decisão, não se permitindo a chance de se constatar que você estava certo ou errado. Se você fizer isso, transformará sua vida num eterno “E SE...”: Se eu tivesse entrado naquela faculdade... se eu tivesse assumido aquele emprego... se eu tivesse casado com aquela pessoa...
Na grande maioria das vezes, vivemos atormentados pelo fantasma do “E SE...” simplesmente por termos medo de que, tomando a decisão que ansiamos, estejamos errados e quebremos a cara. Vivemos com a idéia de que jamais teremos tempo suficiente na vida para darmos a volta por cima, caso estejamos errados na decisão que tomamos, que seremos eternamente infelizes. Sim, é fato que, às vezes, certas decisões podem significar a não possibilidade de volta, de retomada. Mas sempre haverá a possibilidade de recomeço. Sim, é certo que podemos não ter tempo suficiente de vida para recomeçarmos. Mas entre viver eternamente o conflito de um dilema, e a paz resultante de uma resposta alcançada, mesmo que a resposta não seja a que você esperava, digo-lhe que é preferível se permitir a chance de viver a resposta, e afugentar o fantasma do “E SE...”.
Muitos também vivem esse tormento mental e emocional, porque têm medo de dar o passo necessário para viver a realidade que irá responder a grande pergunta que existe em seu coração. Perguntas do coração não podem ser respondidas pela mente, mas pelos sentimentos. E Salomão nos ensina que "O sentimento sadio é vida para o corpo" (Pv 14:30). Já disse e reafirmo: Não se sente no imaginário. Sentimos no contato, nas vivências. Assim, faz-se necessário viver a realidade que irá trazer a resposta ao seu dilema. Portanto, não existe possibilidade de responder o dilema sem dar um passo adiante, sem um movimento de partida. E toda partida implica em um deixar. Pois bem, muitos temem partir por não quererem deixar. Impossível, inconciliável. Toda partida implica num deixar. Isso causa medo? SIM! E é isso que faz com que muitos não tomem a decisão. Aí, preferem a dúvida, o dilema, o conflito, o fantasma do “E SE...”.
O interessante é que depois que tomamos a decisão, depois que aceitamos o partir, e o intrínseco deixar, muitas vezes, acabamos por constatar que não era tão difícil assim, nem que as conseqüências são tão desastrosas quanto imaginávamos. É como superar o medo de vencer algum desafio, seja ele de altura ou velocidade, físico ou intelectual. Depois que o supera, você se sente forte, preparado e vitorioso por ter dado o passo, mesmo que ao final não encontre o que esperava, ou encontre o que não esperava. O fato é que você deu o passo e se sente aliviado por não ter deixado que o fantasma do “E SE” lhe atormentasse.
Mas cuidado. Seja prudente. Sempre que possível, deixe a porta de volta aberta. Desde o início, admita ao outro, se existir um outro nessa decisão, que você está sujeito a reconhecer que pode estar errado. Não deixe espaço para a mágoa, para o ressentimento, para o desrespeito e indiferença. Valorize o outro, mesmo que a decisão seja deixá-lo. Por exemplo: se for partir para um novo emprego, terá que deixar o atual. O novo pode não ser tão bom quanto você imaginava, e talvez você queira voltar. Portanto, antes de ir, converse com seu superior e explique suas razões. Explique seus medos também, e seu possível reconhecimento do erro pela decisão tomada. Em síntese, pergunte se existe possibilidade de você voltar, caso se frustre. Isso não significa dizer que ele concordará. Mas você pelo menos abriu a possibilidade.
Outro exemplo, não envolvendo um outro: se você for deixar uma faculdade, para trabalhar ou iniciar outra, não deixe de vez. Tranque a matrícula e inicie o trabalho ou a nova faculdade. Quem lhe garante que não exista a possibilidade de volta. Por outro lado, se você descobrir que é esse mesmo o caminho que deseja seguir, não terá perdido nada por ter prudentemente deixado o caminho de volta pavimentado. A mesma coisa vale para uma nova cidade, ou uma promoção dentro da empresa. Deixe, sempre que possível, as portas abertas.
O fato é que é inadmissível você conviver eternamente com o remorso do passado, atormentado pelo “E SE...”. Quem vive assim, pode ficar certo que “JÁ ERA”.
Compromisso de hoje: Vou viver meus medos e dúvidas, e parar de só pensar sobre eles. Não existe outra forma de superá-los.
Abraços, bênçãos e SUCESSO!