Por Thaís Lima
Sandálias rasteiras, alpargatas e sapatilhas são os acessórios da moda quando o assunto é o que as mulheres estão usando nos pés. Mas, mesmo com essas tendências em alta, adolescentes do sexo feminino cultivam o hábito de fazer uso do sapato de salto alto, fato que vem ocasionando alterações na postura dessas meninas. A dissertação de mestrado da fisioterapeuta Anniele Martins Silva constatou que o uso precoce e frequente do salto alto está causando problemas nos joelhos e nos tornozelos de adolescentes avaliadas durante a pesquisa.
Orientada pela professora da UFPE Gisélia A. Pontes e intitulada “Repercussões do uso do calçado de salto alto na postura de adolescentes”, a dissertação, realizada no programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente da UFPE, teve como objetivo verificar de perto as mudanças posturais ocasionadas pelo uso do salto alto por adolescentes.
Na pesquisa, foram constatadas alterações nos joelhos e nos tornozelos das adolescentes avaliadas, mas as principais consequências (alterações na coluna lombar e na pelve) do uso excessivo do salto alto só poderão ser verificadas quando essas adolescentes chegarem à fase adulta porque o tempo de uso do calçado de salto alto é maior.
“Hábitos comportamentais típicos da adolescência, como a forma de sentar e o peso carregado dentro das mochilas escolares, combinados com o processo de crescimento e desenvolvimento musculoesquelético, podem ocasionar alterações de postura que repercutam pelo resto da vida, como escoliose, hiperlordose e hipercifose torácica. Em adolescentes do sexo feminino, esse quadro se agrava ainda mais quando associado ao uso do salto alto”, afirma a pesquisadora.
A metodologia empregada pela pesquisadora foi a fotogrametria computadorizada, método que possibilita a análise de mais de 15 ângulos diferentes do corpo, e o software utilizado para fazer a análise das imagens foi o Fisiometer Posturograma. Foram avaliadas 96 adolescentes – 48 usuárias e 48 não usuárias de calçados de salto alto – com idade entre 11 e 15 anos.
O hábito de usar salto alto na adolescência influencia nas alterações posturais da coluna vertebral e dos membros inferiores, e esse fato já foi comprovado na pesquisa da fisioterapeuta, mas questões como a altura mínima do salto e o tempo de uso que promove o desalinhamento postural ainda estão sendo investigados. O conselho deixado pela pesquisadora aos responsáveis pelas adolescentes é que eles devem limitar o uso desse tipo de calçado para que o hábito não venha a prejudicá-las.
Veja a entrevista com o pesquisador
|